mundo invertido

25/07/2016

descobriram a cura não-cirúrgica pra articulações defeituosas e o fim da dor crônica. Inventaram o fim da menopausa e da devastação que ela provoca.

Hoje recebi um email me chamando pra um projeto maneiro, no Brasil, com cachê digno.

Encontrei uma boa parceria de trabalho que me apóia, investe no meu trabalho, me promove, marca shows pra mim, pensa em projetos, faz a produção e a divulgação.

Fui convidada pra fazer uns shows na Europa, com passagem e estadia e até cachê.

Os festivais internacionais pra onde mandei material responderam minhas mensagens e fui aprovada pra participar de uns.

Consegui entrar no edital pra gravar meu DVD e tenho trabalho no ano que vem, e meus parceiros vão ganhar pra trabalhar dignamente.

Este ano, vou gravar meus projetos e vou poder pagar um profissional para resolver pra mim o que não consigo resolver sozinha.

Ganho o suficiente para me manter e investir na minha carreira e na minha vida e pra fazer planos.

Tenho direito a férias.

Tenho direito a sonhos.

pink and blue

casa na areia branca de praia deserta

a 10 passos do mar transparente e calmo e tépido

violão

ganja

rede de casal

ar condicionado

água de coco gelada

vinho branco

peixe

frutas

salada

sorvete

ele

e

eu

arpoador maio 2009 009

50

14/07/2014

à beira de fazer aniversario, saio de um show numa rádio, pela manhã, mal dormida, pensando no show que terei, exatas 12 horas depois.

chego em casa, ligo o ar, desligo os telefones e me permito dormir o soninho da beleza entre um show e outro. durmo fácil como se fosse.

sonho que estou à beira de uma piscina muito turquesa,  cujas bordas se nivelam ao gramado em redor, como se a água sempre tivesse estado ali, brotando do centro do quintal.

vejo uma criança-delfim me convidando para entrar na piscina, mergulhando desaparecendo numa borda para aparecer em outra, um erê-sereia, chamando sem chamar. vou.

me jogo, mergulho, desta vez por uma espécie de túnel no ar, uma fenda na parede da paisagem por onde entro, como se pulasse um muro pra dentro do mundo.

mergulho e brinco de encontrar a criança dentro d’água. ela foge de mim, nos perdemos, ela ri de mim. e qdo boto a cabeça pra fora, só dá tempo de eu ver as  paredes do mundo se fechando em volta da piscina, retângulo perfeito, erguendo uma muralha de cimento que vai subindo qual torre de babel ao infinito, em volta do perímetro perfeito da piscina. e lá estou eu, no fundo de uma garganta sem fundo. meu paraíso começa a ser emparedado e o sol, que brilhava e azulava tudo, vai virando uma janela remota lá em cima, retangular, uma claraboia que vai se afunilando enquanto sobem as paredes de cimento, em volta de mim, ao universo e além.

minha claustrofobia quase se rende quando percebo um caco caindo do muro eterno, deixando ver o mundo lá fora e, dali, já consigo avistar um pedaço de paisagem, um céu azul, montanhas verdes ensolaradas e outras águas. por conta própria, o cimento da parede vai descascando, saindo como se fosse a casca de uma fruta que se tira com as mãos, espiralando. só que aqui, a polpa da fruta era o lado de fora. a parede se dissolve, e o muro se desfaz em troça. dentro da piscina permaneço, de  novo ao sol, de novo vislumbrando um canto de natureza meio torta, meio Dali. e aí, o céu é meu, e eu sou a dona daquilo tudo de novo.

e nem sei porque, naquela hora, no meio do sonho, eu tive certeza de que as paredes cederam por mim, a mim, e que o sol iluminou a piscina e que o céu era azul, pra mim. só pra me avisar que era meu aniversário e que tudo, tudo está no seu lugar.

perdi um pouco a hora, levantei correndo, segunda sessão começando em breve. 50 anos. banho, maquiagem, cabelo, figurino, malinha, taxi. 50 anos.

2014-03-15 17.01.19

 

 

 

 

 

em junho deste ano, 2014, faço 50 anos.

este blog tem esse nome pq, qdo eu tinha 20, conheci a obra do compositor Erik Satie e me apaixonei. ele tem uma peça chamada Avant-dernières pensées, que quer dizer Penúltimos pensamentos. fiquei encantada com a irreverência dele e com uma frase que, naquele tempo, já me parecia completamente pertinente: “Disseram-me: Verás quando tiveres 50 anos. Tenho 50 anos. Não vi nada”. Aos 20 anos eu já achava isso totalmente plausível e hoje, na beira dos 50, percebo que eu antecipara uma sensação de permanente perplexidade que, no ano passado, me fez tatuar um ponto de exclamação no cangote. quero deixar bem claro que estou perplexa e, embora não tenha visto nada, vi muita coisa e permaneço aquela mesma garota que tinha sede de viver tudo. acima de tudo, estou perplexa por fazer 50 anos.

ano retrasado, aos 48 anos, eu só pensava em desligar os aparelhos, desesperada por problemas de dinheiro, saúde, trabalho e amor. tudo ruiu. ano passado, como resultado de todo o investimento da vida, with a little help from my friends, aos 49, renasci. estou vivinha da silva.

àqueles que pensam que tem uma hora pra desistir do sonho e ir fazer outra coisa, conto meu segredinho: depois de intempéries, contrariando todas as expectativas e indicativos, vou realizar, em 2014, aos 50 anos, com 26 anos de carreira, o meu sonho impossível.

qdo eu tinha 29 anos, uma mulher muito foda me falou: “aquilo a que vc se dedicar, daí virá o seu sucesso”. nesse meio tempo entendi que o sucesso muda de lugar o tempo todo. e a gente na estrada, caminhando, caminhando. e isso é bom. *

o movimento do desejo é constante, avante, ao alto, em espirais ascendentes tendendo ao infinito.

*aos que acham que apenas o pensamento positivo basta, aquele abraço.

piso fora da nuvem com a lembrança de uma linha que une o pescoço à orelha. uma dobra. e um cheiro bom. e o toque. tudo branco.

o mundo lá fora é plano. as pessoas se falam mas não se escutam. o mundo lá fora é bege. luzes artificiais, bons dias e boas noites. na nuvem só existe verdade. eu falo, vc escuta. vc fala, eu calo. qdo vc me toca, paro, qdo te toco, vc sente. nos ouvimos, nos tocamos, calamos. dormimos, muito. como dormimos bem. e os beijos. e os beijos.

vc me dá uma toalha branquíssima e enorme, tapete de Aladim, sobrevoando Ipanema. meu cabelo está com o cheiro de um xampu que nunca usei. seu desodorante tem cheiro de baunilha,  e eu, pq estou navegando, branca, em sua nuvem, uso também.

vc me oferece uma escova de dentes, fechadinha num pacote: “usa, é sua”. meu corpo está um pouco trêmulo, porque you touched me. sorrio pro fauno que me acompanha. sorrio pra mim mesma no espelho do banheiro, pra minha cigana vermelha, agora envolta na maior toalha branca que há. sorrio, estou aqui agora no melhor dos mundos, portanto, flutuo.

pelo telefone, vc pede pão na chapa com queijinho, café, água gasosa, que amo. vc bota a mesa. requeijão e geleia. segura meu rosto entre suas mãos, me beija na boca, me trata bem. me trata como mulher. piso, pé ante pé, quase vendada,  no atalho de delícias que vc me promete qdo diz: “as janelas são quase à prova de som”. entendo. desfruto.

depois falamos coisas muito sérias sobre a vida, ficamos em silêncio, teorizamos, de mãos dadas. e cochilamos, um sobre o outro. penumbra de quase vigília dentro dos olhos: não posso perder nenhum detalhe.

quando piso fora da  nuvem, entro no taxi sorrindo, peço pra parar no posto, compro sorvete de chocolate belga. vou pra casa, deito, fecho os olhos, o corpo todo agudo. I cloud. Bom. Bem bom.

i could have danced all night i could have danced all night and still have begged for more

plano ideal

07/09/2013

o único lugar do mundo onde eu gostaria de estar, além deste em que estou, plenamente viva e feliz, seria numa casa plantada na areia de uma praia muito branca, sem vento, de mar muito limpo e calmo, onde eu pudesse estar. simplesmente acordar, a qq hora, e pisar na areia com uma caneca de café e depois mergulhar e depois dourar até tostar. até o cabelo guardar um cheiro de sol.

só pra começar.

tudo de bom

16/05/2013

Eu quero que você, que nunca foi a Paris, ganhe uma viagem de presente, e tenha dias de filme. Que você conclua seu projeto. Que você sinta amor, paixão e tesão e seja correspondido. Espero que aquele seu plano secreto se concretize. Que tudo funcione da melhor forma possível pra você. Tomara que você seja o melhor filho para os seus pais, e o melhor pai para seus filhos. Que os vizinhos lhe queiram bem, que a vida lhe trate com elegância e que você tenha um bom amigo, ou mais que um. E que vc seja bem surpreendido alguma vez. Torço pra que o trabalho que vc faz seja apreciado à altura da sua dedicação e do seu merecimento. Torço pra que seu companheiro realmente te acompanhe, te respeite e te ame. Desejo que todos os dias da sua vida sejam de paz. E que a alegria seja a sua visita mais frequente. Se a tristeza pensar em chegar, que seja leve. Sombra, água fresca, música, dias ensolarados, chuva prazenteira, longas noites de amor e riso. Te desejo vida com uma pitada de sal, um pouco de açúcar, e uma pimentinha. Boa comida, bebida e juízo, só o quanto baste. Que a temperatura seja amena e a maré, mansa. Que as tempestades lhe sejam suaves, mas se forem fortes, que sejam breves. Desejo tudo de bom pra você.

dia de luz festa de sol e o barquinho a navegar no macio azul do mar. tudo é verão, o amor se faz, num barquinho coração que desliza na canção

todo azul do mar

11/08/2012

no meu sonho, vc voltava me pedindo pra esquecer toda maledicência, toda mágoa, todo nosso triste desfecho, e pra mergulharmos no mar, à noite. entramos num mar azul profundo, eu e vc, subindo e descendo em ondas que nunca quebravam. ao longe, as luzes das cidades, o continente lá pra trás, a orla perolada e silenciosa aparecendo e desaparecendo atrás das ondas. e eu e vc, lavando a alma num mar-sem-fim de sentimentos indizíveis, grandes demais para terem nome. vc carinhosamente ao meu lado, sorriso calmo nos lábios, abraço quente e olhar cúmplice. no meu sonho, vc vinha me dizer, de cara limpa: eu sou, vc é, somos muito mais além.

e eu acordei sentindo um estranho amor multidimensional, que atravessa, triunfal, os portais da existência, os umbrais do tempo e os pequenos sentimentos e atos humanos que reduzem tudo a quase nada.

que los hay…

09/05/2012

ela tropeça numa lâmpada, dessas que têm gênio dentro,  e nem vê. tá tão ocupada com a vida, tão assim, sem acreditar em magia, que atropela aquela lâmpada que luzia no meio da rua, meio dia, do nada. lâmpada é o catzu, to com pressa. Sem querer, libertou o gênio.

o gênio, que habita a lâmpada, indignado pelo desprezo, vai atrás dela: “fia, tu tem noção do perigo? to aqui há 10 mil anos, preso nessa garrafinha, esperando o dia em que um pobre mortal desesperado me encontre e me liberte, achando que esse é o dia mais feliz da vida dele, e tu me despreza, assim, passa por cima, nem olha pra trás? isso não tá certo, não! tenho obrigação histórica de servir a quem me acha, sou seu escravo, mesmo sem querer.”

“dá um tempo, gasparzinho, que eu to toda bookada. e tb não acredito em nada disso. o que vc quer? dinheiro não tenho, nem parentes importantes, minha carreira é um fracasso, minha conta bancária está no vermelho há 22 anos e eu não tenho onde cair morta e nem pra onde ir. vaza!”

“vc não tá entendendo, to aqui pra isso, pra resolver sua vida! pede aí, pede qq coisa. o que vc quer? tudo pra já! pede! peeede!”

“sai fora, pluft, me amarrota que eu to passada, e qdo eu me espalho ninguém me junta!”

“pede, faz um pedido, um sonho impossível qq, é só falar, só falar uma palavra! fala, patroa! que que te custa?” o gênio falava, desesperado, enqto corria atrás dela, que nem tchum pro assunto. “…patroinha, é dinheiro, amor, fama, sucesso, casa, saúde, viagem, marido, palácio, jardim, navio, avião?…. fala só a palavra, só pra me testar, me deixa te provar que eu sou seu escrav0 e vc é minha dona, que seu desejo é uma ordem, me libera aí!”

‘”que mané escravo?! E eu não tenho desejos, não tenho tempo pra sonhar, nem acredito em gênios. fá-fé-fi-fó-fui, partiu feroz!”

E assim, ela foi correr atrás das coisas da vida, e o gênio ficou pê da vida, esperando, mais 10 mil anos, por alguém que ainda acredite em magia.

No dia seguinte, qdo parou pra atravessar uma rua, entre um não e outro, ela lembrou do episódio e riu sozinha: “gênio, ahahahah, quem dera…”

e se comer fosse sempre vegetais frescos e frutos do mar grelhados e queijos e pão integral e azeite e chocolate? e se beber fosse sempre água e vinhos e  café e chá? e se a alegria fosse sempre encontrar pessoas queridas, com música, onde todos os tipos, de todas as idades, fossem bem vindos e se sentissem bem, sem hora pra acabar ou pra começar, sem firula? e se namorar fosse sempre com um homem maravilhoso, bem humorado e gostoso, cúmplice, carinhoso e parceiro? e se viajar fosse sempre para se perder de vista e colocar outros olhares nos olhos? e se chover fosse só para lavar e matar a sede da terra e se o sol banhasse as águas limpas e as areias brancas, brilhando realmente para todos, em igual intensidade? e se o vento só ventasse para carregar o mal pra lá e o bem pra cá? e se todos os dias dessa vida a gente acordasse de olhos bem abertos para o que tem, e não para o que não tem?

quereres

13/10/2011

uma longa viagem pela Rota do Sol, de carro

uma reforma completa no meu apartamento

um apartamento pra chamar de meu

R$ 20 mil agoora

uma reforma completa em mim, na clinica do rômulo mene

um mês no kurotel com a minha irmã do ladinho

a cura

um empresário com dinheiro no bolso, bons contatos e visão de mercado

muito trabalho bacana e bem remunerado, dentro e fora do Brasil

um namorado maravilhoso

ouviram, amigos do além? a todos, meu cordial obrigada

*foto de arte de Thereza Dutra

R.E.M.

13/09/2011

tenho tido pesadelos, todas as noites. dentro da minha cabeça há um circo de horrores, uma galeria de espelhos, uma feira livre, uma cidade no alto de um penhasco,  uma praia acidentada, um cais e uma estação de trem. e sentimentos de inadequação, como na adolescência.

no passado, durante anos, tive pesadelos.  tantos, que não dormia, nem de noite, nem de dia. os piores terrores noturnos. e diurnos. os piores. pensei em escrever pro stephen king, pra dar umas idéias sobre coisas horríveis pra escrever nos contos. nao sei como sobrevivi, assim, inteira e maneira. qdo fui  morar sozinha, passou, sublimei. ou quando mudei de casa. (à voir.)

o fato é que pessoas assim, como eu, são dadas a essas suscetibilidades. nem sei explicar, mas um pesadelo desses é um dia inteiro de trabalho, é um amontoado de energias pra desembaralhar durante dias. cansa. esgota a pessoa. queria ser passada num filtro, numa moringa.

voltar a ter pesadelos diários, agora, me dá uma sensação de return to forever. daqui, penso, exausta: será, que, afinal, havia mensagens significativas naqueles sonhos? (à voir)

PS: antonio disse: “vc carrega uma tristeza, mesmo quando está feliz.”

eu digo (mas não pro antonio):  “I under rated u. hate u(me)  4 that.”  blam!

 

jardim dos sonhos

08/09/2011

sonhei que estava com a minha irmã no apê onde moramos e crescemos. Eu resolvia limpar o sofá. Quando eu tirava as almofadas, eu encontrava umas pluminhas pretas, que eu tentava tirar com um espanador, sem sucesso. Eu dizia: “meu deus, como isso pode estar sujo assim?” E ela: “Não, isso não é sujeira! Isso são flores.” E como acontece nos sonhos, apareceram florezinhas roxas nas plumas pretas e quando olhei novamente, havia ali borboletas. Minha irmã disse: “É que pra cada borboleta que nasce, nasce uma flor. Elas são chamadas de consoladoras”

Minha irmã sempre me consola com a possibilidade de um jardim.

sonho

19/08/2011

 cânhamo egípcio, 500 fios, brancos  lencóis,

noites inquietas, claras de lua, quentes demais

cortinas paradas, varandas abertas

o tecoteco do ventilador

 mosquiteiro de voile

 durmabem, espirais de fumaça

ruas desertas e casas abertas

praias de areia bem branca e azuis

mãos, as tuas, em mim

sonhos, perdidos, os meus,

e sol

 

 

 

 

 

plano B

25/07/2011

O andar 71/2 do Quero ser John Malkovich;  uma coisa entre uma coisa e outra coisa;

A plataforma 9 3/4, onde Harry Potter embarca pra Hogwarts, escola de magia;

O guarda-roupas das Crônicas de Nárnia e lindas florestas encantadas onde se refugiar;

A Terra do Nunca e o congelamento do tempo;

A Terra Média, dos Hobbits, com as casinhas redondinhas e fofas e fumacinha saindo da chaminé;

Pandora, de Avatar, e suas anêmonas flutuantes e seus rios fluorescentes;

Shangri-lá e suas fontes murmurantes.

Supra-realidade: procura-se. Paga-se bem.

a gira

18/11/2010

no sonho, girávamos bem lentamente numa ampla cadeira giratória, lenta como a terra, as translações e os movimentos de rotação. Talvez fosse um balanço de vime pra dois, pendente do teto,  ou uma namoradeira antiga, girando em câmera lenta, assento floridinho, rosa chá e azul acinzentado.

Talvez fosse uma cama redonda, travesseiros de plumas das barbas azuis de gansos alvos, como alvas eram as paredes caiadas daquele quarto, branco como os lençóis de 500 fios de algodão egípcio. Varandas nos dois lados, portas abertas e janelas azuis, ventando cortinados e mosquiteiros. Entre o céu e nós, de quina, os cacos vermelhos de telha do telhado,  o escoadouro das chuvas mirando no ralo. A encosta é grega: pedra e sal, branco e azul, agua e luz.

Era eu e vc, às gargalhadas, rolando de rir enquanto nosso quarto girava, nossa cama rodava e o reggae rolava trazendo a justiça para o mundo. Coisa fina esse sonho que eu tive. Eu e você por sobre um mar azul piscina, a areia branca invadindo a piscina do  mar azul, filtrando a cor, filtrando o sol, o sol ardendo, aquela felicidade da pele. fibra ótica.

fever

13/11/2010

o sangue dispara em alta velocidade, como um tiro quente de éter por dentro das veias, percorrendo o corpo todo e bombando feito um surdo de marcação no centro de tudo. o corpo meio tremulo, a boca entreaberta e demi sec, a pele macia, tudo em pleno fervo. Rápido, é urgente.

Mãe

09/05/2010

um dia eu comentei com a minha mãe: “poxa, me deu uma vontade de comer queijo camembert. Fui comprar, achei tão caro… desisti”

no mesmo dia, à noite, qdo eu chego em casa,  o porteiro vem me entregar uma sacola. Dentro havia dois queijos camembert, uma caixinha de torradinhas e um bilhete:

“Se eu pudesse realizar seus desejos tão facilmente como posso realizar esse, eu seria mais feliz!”

mediterrânea

11/05/2009

…li seu post e lembrei de uma felicidade profunda que eu me dei a sentir, em detalhes, quando um dia imaginei queu pudesse ir praquela ilha do filme Mediterrâneo, sabe?, e passar todos os dias sob o sol. Aquela brisa balançando as mangas das camisas penduradas na corda, dançando o lençol branco no varal, bailando os filós das cortinas. Microborboletas errando em bando por entre gerânios vermelhos nas jardineiras brancas. Sempre um amanhecer orvalhado e fresco, soando a passaradas. Dias coloridos, idas ao mercado onde se compra semente, raiz, caule, folha, flor e fruto.  Chapéu de palha de aba ampla, bicicleta de cestinha. Entardeceres ora avermelhados ora dourados, rosados ou roxos, decorando céus de azul cobalto. As chuvas, prazenteiras. As noites, claras. Caminhos floridos, laranja madura na beira da estrada. Manjerona e alecrim nos canteiros do quintal. Lâmpadas penduradas nos fios.

Andar o resto da vida de saias coloridas bem rodadas, batas brancas, ombros de fora, sandálias amarradas nos tornozelos, cabelos longos, perfumados e cacheados, boca vermelha, brincos de ouro. Na hora das refeições, debaixo da sombra de uma árvore frondosa no quintal, servir a mesa de madeira meio troncha. Queijo de cabra, azeite, figos, vinho, azeitonas, peixe, tomate, uva, rúcula e pão. Café forte. A fonte é modesta, de pedra cor de pedra, estátua no centro, limo e líquen. A ninfa está abraçada à ânfora que deita um fio de água pra sempre no fundo da fonte, onde moedas refletem o sol. Bancos de madeira, garrafões de vinho, almofadas listradas, jarra de louça branca cheia de água de beber. Às noite de lua, sanfonas, violinos, flautas, pandeiros, bandolins. Os homens e as mulheres dançam, os homens e as mulheres falam. Uns falam alto. Outros fumam, comem, jogam, flertam, bebem, falam palavrão, namoram, gargalham. Às noites sem luar, cantoras cantam histórias que viveram, mas ninguém sabe. Todos escutam. Uns choram, uns dançam, uns riem. Os dias nunca se acabam, a noite nunca tem fim e a música é boa.

Lá embaixo, turquesa e calcáreo. O mar que nos abraça. O campanário da igreja recorta o horizonte cobalto. Casas brancas ocupam a encosta escarpada, a luz amarela sai das janelas abertas. Estrelas mudam de lugar o tempo todo. Algumas caem, mas sempre deixam um rastro de poeira brilhante.

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