mute
16/01/2013
relatividade
20/01/2011
turista intencional
12/09/2010
estar turista é um estado transitório, desconfortável, porém inevitável. Por mais que vc não queira, no dia em que vc pisa num país estranho, numa cidade que desconhece, num lugar cujas regras não domina, perdoe a má palavra, vc é turista!
turista tem um ar parvo, bobo-alegre, ávido, bem disposto, pronto pra tudo, animadão. Gente que está ali para aproveitar de tudo, ao máximo. Acorda cedo e dorme tarde. Topa todas, bate palma nas músicas típicas, se veste mal, tênis velho, moletom, para ficar o dia todo confortável. Bebe demais na praia, passa mal, arrisca passos que nunca dançou, experimenta comidas e bebidas diferentes, se deixa queimar demais ao sol, compra cds de artistas locais que nunca vai ouvir, faz tererê no cabelo, arrisca tatuagens de henna, compra imãs de geladeira, camisetas, canecas de mau gosto… Lembranças daquele momento da vida em que ele não estava oficialmente vivendo a própria vida. Férias tem um ar carnavalesco, de libertação para alguns. E para outros, tem um peso pesado, do dinheiro economizado, arduamente, para pagar aqueles dias de alforria, antes de voltar à escravidão que esta vida contemporânea de liberdades nos impôs.
Estou turista. Atônita com a quantidade de comida que vai pro lixo na farra do boi das churrascarias, com o tantão de doces incomíveis do café colonial, das 220 espécies de comida alemã que servem na mesma refeição, com a sequência de fondues, de sopas, tudo servido na mesa, da mesa pro lixo. O excesso, o abuso, o muito, o transbordamento de todos os desejos de férias de tudo. All you can eat, tudo o que você aguentar, dizem os americanos, cheios de bacons e gelatinas azuis no café da manhã. De férias, a galera encara até gelatina azul.
Pessoas que jamais se encontrariam passam um dia inteiro juntas, dentro de uma van, forçando um contato amistoso, afinado pela situação comum a todos: ser turista. Cearenses confraternizam com gaúchos que confraternizam com mineiros de São Paulo. Todos falam super bem das suas cidades, exibindo seus dotes, como se fossem filhas prontas a casar. Todos invejam os cariocas, menos os baianos, que têm a maior auto-estima do país. Todos se amam dentro de uma van de excursão de dia inteiro. Alguns trocam emails e telefones, tiram fotos abraçados e fazem juras de amizade que jamais se concretizarão. No almoço onde o vinho é liberado, passam do ponto, em nome das férias. Não importa. Naquele momento, coração aberto, todos estão prontos e livres.
E se vivêssemos, dia após dia, com o desprendimento parvo das férias, com o coração aberto ao novo, alma leve e disponibilidade para experimentar o que não conhecemos, curiosos, sem julgamentos, com a maior boa vontade dos mundos?
Quero olhar o mundo com olhos de turista. Turista da minha própria vida, do meu cotidiano, sem nunca perder o olhar primeiro. Feliz, embriagada de sol demais e cheia de sede de liberdade, aventura e confraternização.
Devia ser sempre assim: nós, turistas. A vida, férias.
uma tarde no tibete
08/09/2010
1
“Com esta vida, você obteve um receptáculo excelente com liberdades e dotes raros. Para que você e os demais possam cruzar o oceano do samsara, a prática do bodisatva é ouvir, contemplar e integrar os ensinamentos, dia e noite sem distração” (*)
(*) A primeira d’As 37 práticas do bodisatva, livro essencial do budismo tibetano. A foto da ponte sobre o caminho das formigas foi tirada, esta tarde, no templo budista Khadro Ling, em Três Coroas, RS
dever de casa
31/08/2010
livrar o coração das mágoas, desapegar de tudo, não acumular o desnecessário, carregar somente sentimentos leves e pensamentos bons, precisar de cada vez menos, abrir o coração, lavar a alma, esvaziar a mente, simplificar, reduzir, descomplicar, conter, ceder, saber pedir, saber aceitar, doar sem dó, receber
pátria de chuteiras
29/06/2010
tem 3’20”?
27/05/2010
natureza viva
31/08/2009
O Rio de Janeiro como ele é: sem photoshop, sem flash, sem overdubs
kashmir
26/08/2009
imagino encantadores de cobra e seus cestos de palha e bancas de temperos incríveis, montanhas de pós de todas as cores e perfumes, patchouli e curry e homens de olhos de kajal e roupas brancas enroladas pelo corpo e turbantes lindos, alvos, e mulheres de olhos de serpente, semicobertas com a seda mais pura, tingida com cores que nunca se viu, bordada com fios de ouro, ou o algodão finíssimo tingido de ocre e de vermelho escuro e há um forte cheiro de incenso massala no ar, e as vacas abanam seus rabos sentadas no meio da rua.