quiet storm*
03/04/2016
vc era estranho. formal. sério. daquele tipo que aperta a mão e tem um jeito desajeitado de dar dois beijinhos e de abraçar sem encostar. olha nos olhos de leve, ri de lado, e nunca manda beijo na assinatura do email. um abraço, no máximo. mas naquela primeira reunião presencial, numa camada acima daquela onde estavam nossos computadores com mil abas abertas, onde a produção bombava, onde eu aprendia com vc, senti um calor borbulhar bem no centro da mesa. me ajeitei na cadeira um pouco desconsertada, dei um gole na limonada aguada, pedi um café.
quiet storm. lembrei do baile charme, da música pra sensualizar. quiet fire. tive vergonha de te desejar, porque vc não é meu tipo, aquela nao era a ocasião, nem o lugar. mas passei a semana pensando naquela centelha que pingou ali, entre tablets e notebooks e fez um buraco no epicentro da mesa de reunião. não sei se vc reparou. mas eu vi.
quando nos reencontramos, raramente e exclusivamente a trabalho, sinto um pequeno desconforto por não saber o que fazer com esse tesão infundado. depois a vida passa seu arrastão e leva tudo.
hoje eu te vi com uma mulher. numa mesa de bar, bebendo e beijando o beijo mais lascivo, lambendo pescoço, cheirando, idolatrando, endeusando, querendo aquela mulher, como se ninguém estivesse em volta. pura luxúria. assisti de longe seu desejo derrubando paredes, atravessando avenidas, escalando penhascos, invadindo quartos pela vidraça, descabelando e entortando a linha do horizonte.
eu sabia.
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*para ouvir Quiet Storm: https://www.youtube.com/watch?v=ETGXvWFoEi0&list=PLZLxC6rAOhrjdK3Tnm6Onti5OQziuFu-E
a coragem
16/10/2014
quando comecei a pesquisar sobre as origens do meu nome, inconsistente, como disse meu amigo sumido, o desenhista Roberto Silva, li uma versão que dizia que Andrea se podia traduzir como Coragem. Aceitei, porque assim eu quis. De lá pra cá, sempre vim associando coragem à mulher. me apropriando do meu nome e do tema: coragem. Andrea vem de Andros, a essência do homem, em grego, e na Europa, originalmente era nome de homem. Daí a inconsistência que incomodava o Roberto: como uma mulher pode carregar, no nome, a essência do homem?
no fim de semana passado fui ao teatro, ver o espetáculo GRITO, um solo de Mariana Guimarães Nicolas, adaptação poli-artística, misturando live painting, dança e teatro, sobre o clássico de Dario Fo e Franca Rame, O monólogo da puta no manicômio.
*SERVIÇO
Temporada TEATRO CÂNDIDO MENDES
Temporada de 10 a 26 de outubro de 2014
Sextas e sábados, às 21h
Domingo, às 20h
Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema
Tel.: 2523-3663
Ingressos: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia entrada para estudantes e idosos)
Duração do espetáculo: 50 minutos
Indicação: 16 anos
Fanpage do projeto:
https://www.facebook.com/pages/GRITO/736608706381960?ref=hl