vida, minha vida

12/09/2018

Quantos rostos sorridentes, desconhecidos sorrindo pra mim? quilômetros de milhares de bocas sorrindo, de olhos abertos pra mim, de silêncios. Anos e anos pessoas fazendo silêncio pra mim. Olhando pro som que vem de mim, ouvindo o que trago, boas novas e boas velhas, sempre boas, as canções. Quantos camarins, bons e ruins, luz funcionando, luz quebrada. Cadeira boa, cadeira dura, cadeira bamba. Ar condicionado frio demais, calor demais. E quantos espelhos, quantos banheiros pra maquiar de qualquer jeito, pra molhar a barra da calça ao trocar figurinos. Quantos figurinos? Quantos batons? Quantas vans? ônibus e carros e taxis. Palcos então… todos os tipos. Altos, baixos, praticáveis, impraticáveis, carros de som. Palco de andaime, medo de despencar lá de cima, no meio da praça do coreto da cidade pequena. Cidades pequenas, cidades grandes, hotéis. Micro palcos, com o arco do contrabaixo levantando a barra da saia, ou um canto de sala, um cantinho qualquer. Microfones, quantas vezes disse testetesteteste. Retorno, agudo, médio, grave, reverb. Quantos sons passei, quanta luz? Forte demais, escuro demais, verde demais. Médios, então, quantas médias altas pra tirar. E boas noites, sejam bem vindos, espero que gostem, essa música foi, a próxima vai ser, queria agradecer. No palco comigo esta noite, fulanos sicranos beltranos; Quantos músicos e instrumentos e solos e intros e finais. Muitas palmas e uhús. Milhares de palmas e uhus. Milhões de palmas e uhús. Muito obrigada, voltem sempre, tragam os amigos.
Palco do Chiswick town Hall, em Londres, onde dancei balé clássico quando tinha 12 anos.