o príncipe, o músico e o crooner
29/10/2009
ontem à noite fui ao Carioca da Gema ver/ouvir o cantor Roberto Silva, conhecido como o Príncipe do Samba, atualmente com 91 anos e em plena forma física e vocal. Emocionante pensar na quilometragem dele, nas coisas que ele já viveu e viu, nos milhões de shows, de músicas e de gente que ele cruzou. E cantar ainda é o que ele faz, depois de tantos e tantos anos, feliz da vida, soberano como no tempo do rádio. A casa poderia estar muito mais cheia, mas foi uma linda noite em que vários músicos foram prestigiar o mestre. O Carioca da Gema tem dessas coisas por causa do seu dono, o Tiago, que trata o músico com um respeito que eu nunca tinha visto antes, como a mola mestra da casa e da famigerada noite da Lapa.
No Capela, madrugada, mesa de músicos: Sou casado com a música – disse um amigo – ela é a única que eu nunca vou largar. Faço minhas as palavras dele. Chamei um taxi. Papo vai, papo vem, o motorista me fala que foi felicissimo como crooner, que cantou durante 40 anos. Falou da vida de cantor que tanto amava, saudoso, com a voz embargada: faz tempo, ele disse. Contei do show do Roberto Silva, ele quase chorou. Conhece de cor toda a obra do mestre e disse que teria estacionado o carro para ver o Príncipe cantar, se soubesse. Ele deve ter lá seus 70 anos, imagino… mulato, magrinho, cabelo pintado e alisado, pulseira de prata…
Falamos em como a vida do músico é linda porque a música (alou: a música, não o mercado musical) não seleciona as pessoas pela sua formação, sua procedência, sua cor, suas posses, sua aparência ou seu conhecimento. O microcosmo da música reúne gente de todo tipo. Não é necessário ser inteligente, e nem mesmo ter bom caráter pra fazer música boa. A música é uma inteligência em si. É um estilo de vida. Ninguém é músico sem querer ou gostar ou só pra sobreviver. Fora aquela meia dúzia de estrelas de primeira grandeza, a grande maioria de nós, os músicos do mundo real, vive mesmo é na dureza, latindo pra economizar cachorro. E não abre.
Tudo assim tão carioca… Só mesmo numa cidade como o Rio. Saudades…
CurtirCurtir
alziro, é, mesmo. e o cenário, então… se filmasse ia ficar carioquérrimo! Lapa, aterro do flamengo… Vc mora em londres?
CurtirCurtir
E você, Andréa, é uma eleita. Pela voz que abre um caminho todo cheio de cor e beleza. Uma maravilha te ver e ouvir cantar. Você é fogo !
CurtirCurtir
soraya, essa foi a primeira coisa que li hj. Vou levá-la comigo pelo dia, toda prosa, me sentindo eleita, sim, pela linda vida que tenho a sorte de ter! obrigada, querida!
CurtirCurtir
Não posso viver sem música, mesmo depois de a ter abandonado…
CurtirCurtir
PT, abandonou assim-assim, né? vc ama música, que eu sei, e nao abandonou o amor, só a prática do instrumento. e o melhor, sem rancores…
CurtirCurtir
melhor ainda é ser músico com o dom maravilhoso de escrever musicalmente tudo o que escreve. é o seu caso.
CurtirCurtir
ah, sylvio… assim eu choro. vc qdo resolve, né? arrasa!
CurtirCurtir
esse microfone sempre foi rosa assim???? só notei hoje. Bjsssssssssss
CurtirCurtir
é, zoca, a penelope tem um carro e eu tenho um mic cor de rosa, de menina 😉
CurtirCurtir
Você tem toda razão.O chato é o tal mercado,prostituição universal, em que o que vigora é uma certa surdez.Fico perplexo.Noutro dia eu catei por alguma música erutida nas rádios e não havia.Aliás, com o Municipal sendo reformado e a Cecília Meireles também, parece que esse gênero, 50 anos após a morte do mestre Vila-Lobos, morreu aqui no balneário olímpico.Ainda bem que você e outros tantos nos salvam disso !!!Beijo, 0.3
CurtirCurtir