Ilusão de ótica

28/08/2011

Toda vez que você chegava perto de mim

Era um arrebol na minha frente

O vermelho de todos os crepúsculos

De todas as alvoradas

Nada se mantinha de pé no meu campo visual

De olhos obliterados

Eu me atirava

Como quem pula de uma janela, vendada

Como quem se joga de um trampolim

Numa piscina funda e dourada


Toda vez que você chegava perto de mim

Eu me sentia aberta

Como uma orquídea lilás

Como uma planta carnívora

Que espera, doce e molhada

Pela sua presa

Tudo se tornava quente à nossa volta

Derretíamos icebergs distantes

Provocávamos avalanches

As neves de todos os picos, melavam

Aguavam de tanto calor


Toda vez que você chegava perto de mim

Era a música de deus

Que me acordava

Trazendo-me de volta à vida

Preenchendo os meus silêncios com beleza

Os vizinhos acordavam com o nosso som

Acordávamos os dias, como os passarinhos

Chorávamos de rir

Mil faltas, mil excessos

E a nossa sensação de raridade


Por isso, naqueles dias

Depois que você saiu

Jurei que você voltava

Jurei que você voltava

6 Respostas to “Ilusão de ótica”

  1. carlucho said

    A vida é esse vale das desilusões,não é Déa?
    Beijo grande
    0.2

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  2. Liliane said

    Que bonito…

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  3. PT, seu comentario foi parar no spam, eu hein. só vi agora. txs, hunny 🙂

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  4. carlucho, lembrei de uma oração de terror, como tantas da santa igreja católica, que fala: “A vós brandamos / os degregados filhos de Eva. / A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas…” muito bom pra ensinar pras crianças, e pra rezar antes de dormir pra garantir pesadelo

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  5. Carlucho dantas said

    Você tem toda razão.Bjs 0.2

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