devassidão
18/03/2012
ele cruzou comigo na escadaria, eu subindo, ele descendo, em busca dos nossos assentos. era uma grande noite, cheia de pessoas vendo e sendo vistas. eu vestia branco, lembro bem. ele, sempre encantador e de paletó. os cabelos desalinhados, a barba crescida, suado, atarefado e gato, o costumeiro hálito alcoólico.
passou por mim, me abraçou pra me cumprimentar, e sussurou no meu ouvido: “só não te como, porque tenho namorada”. en garde, respondi: “não! vc só não me come porque eu não quero”. rimos muito da nossa rapidinha gostosa na escada do teatro, e seguimos.
Hoje, quando soube que ele morreu – poeta jovem, rebelde permanente, artista e acadêmico supercarioca- ele, arquetipicamente eterno, sempre mirando num alvo que ninguém via, eu só conseguia pensar: “por que não dei pra ele?” (isso lá é coisa que se pense numa hora dessas? )
despudorada, acho que ele gostaria desse epitáfio, publicado no dia da sua própria morte. ele, dionisíaco, esfogueado e vivinho da silva, mesmo assim, morto, do jeito que está agora.
Lindo isso, Andrea! Quando eu morrer quero epitáfios(!!!) como esse. XXX
CurtirCurtir
alziro, tb quero, tb quero no plural! vamos trabalhar pra isso com afinco 😉
CurtirCurtir
Ah, Dedéia, que legal, acho que ele gostaria sim disso. É a cara dele. ;)Bjs
CurtirCurtir
marf, isso aí 😉
CurtirCurtir
Também quero um epitáfio Andrea. E se depender do meu humor hoje já pode escrever
CurtirCurtir
cida, olhalá, ein? melhor ativar o bom humor, a gente nunca sabe o que esse povo vai falar da gente depois que a gente subir 😉
CurtirCurtir